Pois bem, já não dava notícias à algum tempo, peço desculpa por isso. Numa altura em que entramos no novo ano escolar e onde se vêm todos os tipos de reacções, falo-vos um bocadinho sobre este tema.
Entre estes Transtornos Comportamentais
Disruptivos estão o Transtorno
Desafiador e de Oposição, o Transtorno de Conduta e
Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA).
Quanto
à evolução deste tipo de patologia e consequências sociais associadas, são
diversos os trabalhos que a relacionam com a criminalidade, perturbações
psiquiátricas, consumos de drogas, precariedade laboral, prostituição,
promiscuidade sexual e detenções.
§ Transtorno Desafiador e Opositivo
O Comportamento Desafiador Opositor consiste num
transtorno psicológico caracterizado, principalmente, por comportamentos
apresentados pelo adolescente, no sentido de agir contrariamente àquilo que se
pede ou se espera delas.
Este
problema tem sido, progressivamente, objecto de estudos e publicações científicas.
Há um consenso entre pesquisadores quanto às características usadas para
descrever este transtorno, evidenciadas, por exemplo, nos excertos a seguir:
O transtorno de oposição é um transtorno disruptivo,
caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento
hostil. Os pacientes discutem excessivamente com adultos, não aceitam
responsabilidade por sua má conduta, incomodam deliberadamente, possuem
dificuldade de aceitar regras e perdem facilmente o controlo, se as coisas não
seguem a forma que eles desejam (Serra-Pinheiro et al., 2004, p.273).
Como
em todos os problemas de personalidade, este transtorno é acompanhado por
diversos sintomas, sendo eles: frequentemente perdem a paciência, discutem com
adultos, desafiam ou recusam a obedecer a solicitações e regras dos adultos,
perturbam as pessoas deliberadamente e frequentemente responsabilizam os outros
pelos seus erros ou maus comportamentos. (Kaplan; Sadock; Grebb, 2003, p.995).
Segundo
o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) os
sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses e deve haver
clara evidência de prejuízo significativo no funcionamento social,
académico ou ocupacional do adolescente (Arnold, L. et all, 2004).
Este
comportamento é o responsável pela maioria das indicações a serviços de
psiquiatria infantil (Garland et al., 2001). Também estão associados a
disfunções pessoais, familiares, sociais e no âmbito académico. Os adolescentes
com transtorno desafiador de oposição têm mais disfunções familiares (Greene et
al., 2002) e usam mais abordagens negativas diante do conflito (Edwards et
al., 2001). São mais rejeitadas por colegas e têm maiores índices de recusa
escolar (Harada et al., 2002. Para o tratamento, temos as psicoterapias
de diferentes orientações teóricas, ao que têm sido usadas para tratar
transtornos disruptivos, mas o maior corpo de evidência disponível na
literatura atribui eficácia para abordagens cognitivo-comportamentais (Barkley et
al., 2001).
§ Perturbação de Hiperactividade e Défice de
Atenção (PHDA)
Na adolescência, entre os 10 e 20%, apresentam problemas emocionais, tal incidência é preocupante quando se pensa nas repercussões desses problemas no desenvolvimento pessoal (Lopes, F. 2004).
A PHDA tem como maior prevalência no sexo
masculino e caracteriza-se por sintomas como hiperactividade e impulsividade,
com ou sem desatenção, ou somente por aspectos desatenção inapropriados à
idade.
O diagnóstico detecta um padrão persistente
de sintomas que inicia, geralmente, antes dos sete anos de idade, acusando,
significativo prejuízo escolar, social e ocupacional. São manifestações desta
perturbação a desatenção (falta de atenção, a detalhes, dificuldade de manter
atenção em actividades e de persistir nessas até ao final, dificuldade de
concentração e organização, falta de cuidado com os seus materiais de trabalho,
dificuldade em atender a solicitações ou instruções), a hiperactividade
(inquietude, andar ou correr inadequadamente, de forma excessiva, falar
demasiadamente, dificuldade em participar nas actividades sedentárias) e a
impulsividade (impaciência, dificuldade para protelar respostas ou aguardar a
sua vez, intromissão nos assuntos alheios, comentários inoportunos,
desobediência a instruções, pegar em objectos alheios, envolvimento em
actividades perigosas). Pode, no entanto, manifestar-se com um padrão
predominantemente desatento, ou hiperactivo-impulsivo, ou por meio do tipo
combinado, com ambos os padrões sintomáticos (Niederhofer. H, et all, 2004).
Os adolescentes com PHDA, em geral, são instáveis
emocionalmente, agindo de forma impulsiva e irritadiça, podendo apresentar
dificuldades em participar nas actividades de grupo, falhas na produtividade e
prejuízos no funcionamento académico e social. A sensação de inadequação, baixa
auto-estima e adversidades no grupo social provocam frustração, podendo gerar
comportamentos autodestrutivos ou autopunitivos (DSM-IV, 2002).
Verifica-se que, praticamente, 50% dos
adolescentes que apresentam esta perturbação têm também o transtorno desafiador
opositivo ou de conduta. É importante diferenciar o comportamento opositivo de
um adolescente (retratado anteriormente) com PHDA, e de outra, cuja atitude
seja de não submissão às exigências dos outros (Faraone, LA et all, 2003).
§ Transtorno de Conduta
O transtorno de conduta está associado a disfunções pessoais, familiares, sociais e académicas (Serra-pinheiro MA, et all, 2005), assim como a um mau prognóstico para a vida adulta, com alto risco para depressão, tentativas de suicídio (Capaldi. DM, 1992), abuso de substâncias etc. Este transtorno caracteriza-se também por um padrão persistente de comportamento, no qual há importantes violações de normas sociais ou dos direitos alheios. Estas manifestações concentram-se num quadro de grupos de sintomas: actos agressivos a pessoas e/ou animais, acções que provocam danos e/ou destruição de patrimónios, fraude ou furto e sérias violações às regras e normas. O comportamento pode expressar-se em hostilidade, provocações, agressão física e comportamento cruel. Também podem ser verbalmente abusivas, impudicas, manipuladoras, desafiadores e negativistas em relação aos adultos.
No ambiente escolar, adoptam os seguintes
comportamentos: mentiras, falta às aulas e vandalismos. As manifestações das
condutas são variadas e estáveis, especialmente, na família, na escola e na
comunidade. Três ou mais destes comportamentos devem estar presentes nos
últimos doze meses ou, pelo menos, um deles nos últimos seis meses, para poder
caracterizar este transtorno. Estes adolescentes sofrem muito com os prejuízos
sociais e interpessoais com este tipo de manifestações psicopatológicas, pois,
não conseguem desenvolver vínculos e, raramente, sentem-se culpados ou
responsabilizam-se pelo seu comportamento (Smith, G. e Loeber R., 2005).
Onde esta as referencias completas?? Ótimo texto!!
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