Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Transtorno Comportamentais Disruptivos



Pois bem, já não dava notícias à algum tempo, peço desculpa por isso. Numa altura em que entramos no novo ano escolar e onde se vêm todos os tipos de reacções, falo-vos um bocadinho sobre este tema.
Entre estes Transtornos Comportamentais Disruptivos estão o Transtorno Desafiador e de Oposição, o Transtorno de Conduta e Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA).
Quanto à evolução deste tipo de patologia e consequências sociais associadas, são diversos os trabalhos que a relacionam com a criminalidade, perturbações psiquiátricas, consumos de drogas, precariedade laboral, prostituição, promiscuidade sexual e detenções.

§  Transtorno Desafiador e Opositivo

O Comportamento Desafiador Opositor consiste num transtorno psicológico caracterizado, principalmente, por comportamentos apresentados pelo adolescente, no sentido de agir contrariamente àquilo que se pede ou se espera delas.
Este problema tem sido, progressivamente, objecto de estudos e publicações científicas. Há um consenso entre pesquisadores quanto às características usadas para descrever este transtorno, evidenciadas, por exemplo, nos excertos a seguir:

O transtorno de oposição é um transtorno disruptivo, caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento hostil. Os pacientes discutem excessivamente com adultos, não aceitam responsabilidade por sua má conduta, incomodam deliberadamente, possuem dificuldade de aceitar regras e perdem facilmente o controlo, se as coisas não seguem a forma que eles desejam (Serra-Pinheiro et al., 2004, p.273).
Como em todos os problemas de personalidade, este transtorno é acompanhado por diversos sintomas, sendo eles: frequentemente perdem a paciência, discutem com adultos, desafiam ou recusam a obedecer a solicitações e regras dos adultos, perturbam as pessoas deliberadamente e frequentemente responsabilizam os outros pelos seus erros ou maus comportamentos. (Kaplan; Sadock; Grebb, 2003, p.995).

Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) os sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses e deve haver clara evidência de prejuízo significativo no funcionamento social, académico ou ocupacional do adolescente (Arnold, L. et all, 2004).
Este comportamento é o responsável pela maioria das indicações a serviços de psiquiatria infantil (Garland et al., 2001). Também estão associados a disfunções pessoais, familiares, sociais e no âmbito académico. Os adolescentes com transtorno desafiador de oposição têm mais disfunções familiares (Greene et al., 2002) e usam mais abordagens negativas diante do conflito (Edwards et al., 2001). São mais rejeitadas por colegas e têm maiores índices de recusa escolar (Harada et al., 2002. Para o tratamento, temos as psicoterapias de diferentes orientações teóricas, ao que têm sido usadas para tratar transtornos disruptivos, mas o maior corpo de evidência disponível na literatura atribui eficácia para abordagens cognitivo-comportamentais (Barkley et al., 2001).

§  Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA)

Na adolescência, entre os 10 e 20%, apresentam problemas emocionais, tal incidência é preocupante quando se pensa nas repercussões desses problemas no desenvolvimento pessoal (Lopes, F. 2004).
A PHDA tem como maior prevalência no sexo masculino e caracteriza-se por sintomas como hiperactividade e impulsividade, com ou sem desatenção, ou somente por aspectos desatenção inapropriados à idade.
O diagnóstico detecta um padrão persistente de sintomas que inicia, geralmente, antes dos sete anos de idade, acusando, significativo prejuízo escolar, social e ocupacional. São manifestações desta perturbação a desatenção (falta de atenção, a detalhes, dificuldade de manter atenção em actividades e de persistir nessas até ao final, dificuldade de concentração e organização, falta de cuidado com os seus materiais de trabalho, dificuldade em atender a solicitações ou instruções), a hiperactividade (inquietude, andar ou correr inadequadamente, de forma excessiva, falar demasiadamente, dificuldade em participar nas actividades sedentárias) e a impulsividade (impaciência, dificuldade para protelar respostas ou aguardar a sua vez, intromissão nos assuntos alheios, comentários inoportunos, desobediência a instruções, pegar em objectos alheios, envolvimento em actividades perigosas). Pode, no entanto, manifestar-se com um padrão predominantemente desatento, ou hiperactivo-impulsivo, ou por meio do tipo combinado, com ambos os padrões sintomáticos (Niederhofer. H, et all, 2004).
Os adolescentes com PHDA, em geral, são instáveis emocionalmente, agindo de forma impulsiva e irritadiça, podendo apresentar dificuldades em participar nas actividades de grupo, falhas na produtividade e prejuízos no funcionamento académico e social. A sensação de inadequação, baixa auto-estima e adversidades no grupo social provocam frustração, podendo gerar comportamentos autodestrutivos ou autopunitivos (DSM-IV, 2002).
Verifica-se que, praticamente, 50% dos adolescentes que apresentam esta perturbação têm também o transtorno desafiador opositivo ou de conduta. É importante diferenciar o comportamento opositivo de um adolescente (retratado anteriormente) com PHDA, e de outra, cuja atitude seja de não submissão às exigências dos outros (Faraone, LA et all, 2003).


§  Transtorno de Conduta

O transtorno de conduta está associado a disfunções pessoais, familiares, sociais e académicas (Serra-pinheiro MA, et all, 2005), assim como a um mau prognóstico para a vida adulta, com alto risco para depressão, tentativas de suicídio (Capaldi. DM, 1992), abuso de substâncias etc. Este transtorno caracteriza-se também por um padrão persistente de comportamento, no qual há importantes violações de normas sociais ou dos direitos alheios. Estas manifestações concentram-se num quadro de grupos de sintomas: actos agressivos a pessoas e/ou animais, acções que provocam danos e/ou destruição de patrimónios, fraude ou furto e sérias violações às regras e normas. O comportamento pode expressar-se em hostilidade, provocações, agressão física e comportamento cruel. Também podem ser verbalmente abusivas, impudicas, manipuladoras, desafiadores e negativistas em relação aos adultos.

No ambiente escolar, adoptam os seguintes comportamentos: mentiras, falta às aulas e vandalismos. As manifestações das condutas são variadas e estáveis, especialmente, na família, na escola e na comunidade. Três ou mais destes comportamentos devem estar presentes nos últimos doze meses ou, pelo menos, um deles nos últimos seis meses, para poder caracterizar este transtorno. Estes adolescentes sofrem muito com os prejuízos sociais e interpessoais com este tipo de manifestações psicopatológicas, pois, não conseguem desenvolver vínculos e, raramente, sentem-se culpados ou responsabilizam-se pelo seu comportamento (Smith, G. e Loeber R., 2005).    


Espero que tenha sido esclarecedor... Alguma dúvida não hesitem! 

1 comentário: