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domingo, 29 de julho de 2012

Formação do Psicomotricista

Para quem está interessado em seguir este grandiosa profissão, devemos ter em conta alguns pormenores... 
Como todas as áreas da saúde, o psicomotricista deverá seguir por gosto, deverá interessar-se e sentir-se motivado por aquilo que estuda, e que mais tarde vai exercer... 

"A formação do psicomotricista na área da saúde mental infantil e juvenil necessita de conhecimentos aprofundados e disponibilidade interior para que se possa relacionar com diversos tipos de personalidades e caracteres. 
A primeira condição é adquirir uma vivência com o seu corpo satisfatória porque, efectivamente é um curso prático, e uma boa relação com o seu corpo, é fundamental para sentir uma disponibilidade que se requer e se impõe.

O conhecimento, ao nível do desenvolvimento psicomotor, da linguagem, do desenvolvimento emocional e cognitivo é fulcral e concomitantemente não poderá descurar o conhecimento aprofundado da psicopatologia infantil e juvenil.
A sua disponibilidade interior é seguramente o eixo da interacção. Também é necessário estar pronto para trabalhar em equipa, com pessoas com outra formação e de outras profissões, porque nessas reuniões, se fará "luz" sobre a particularidade da interacção da criança. É nestas alturas que se estabelece a importância de cada profissional no processo de tratamento, quais as prioridades que se dão e porquê. É justamente nestas reuniões que, ao estabelecer os objectivos, se separa os sintomas das patologias.
Uma vez que o principal instrumento de trabalho do psicomotricista é o corpo e a relação que se estabelece com ele, e sabendo que a identidade da pessoa é sempre corporal, é pressuposto que o psicomotricista tenha uma vivência com o seu corpo, de tal forma que lhe permita ser utilizado na relação. O toque corporal, o envolvimento, a aceitação do corpo do outro, a gestão das distâncias são premissas essenciais e resolvidas: é necessário habitar confiavelmente o seu corpo.
A psicomotricidade é uma profissão essencialmente prática, nesse sentido é necessário que o formando tenha um ensino tipo "ombro a ombro", indelével, pós - formação académica, justamente como o que se passa em outras profissões, de cariz prático. Estamos a falar de pessoas, e com todas as subjectividades e conjunturas que são inerentes a uma área de trabalho que não é exacta. Aliás, mesmo algumas ciências exactas, actualmente são questionáveis nas suas certezas: por exemplo, os materiais sólidos são vistos como campos de forças instáveis.
É necessário ver, sentir, a transmissão dos conhecimentos pelos mais experientes, é desejável, porque ajuda a evitar alguns erros, bem como treinar o olhar e dar o enfoque a pormenores que só um olho treinado dará importância. Para finalizar a formação, a figura da supervisão é o suporte, a rede de actuação.
As dúvidas, a insegurança, as angústias, o sentimento de incapacidade ou a cegueira da omnipotência do terapeuta, que emergem nas sessões por que todos nós passamos quando abraçamos esta carreira, são ajudados a serem ultrapassados nas reuniões de supervisão. 
Um dos papéis importantes do supervisor é contaminar e criar uma espessura filosófica sobre os princípios e objectivos que norteiam a terapia, e também valorizar as características da personalidade do supervisando, aquelas que são de enfatizar, juntar o saber com a intuição."




Retirado do livro: Um olhar para a criança - João Costa, 2008, Trilhos Editora. Lisboa

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