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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Intervenção em Trissomia 21




Em primeiro lugar, antes da intervenção é necessário considerar o estado de saúde e funcionalidade dos órgãos dos sentidos, particularmente a visão e audição, pois um mau funcionamento destes condiciona o processo de entrada de informação e o seu posterior processamento cerebral (Santos, 2009).

Os estudos demonstram que a intervenção educativa é mais eficaz quando é dado um maior ênfase aos conceitos concretos, por oposição aos abstractos e quando os programas educativos estão estruturados por etapas e nos quais o elogio ao desempenho da criança é frequente (Gabinete de Psicologia, 2006).

As crianças com Síndrome de Down apresentam alguns factores que facilitam o processo de aprendizagem: gosto pelo jogo, pela competição, imaginação, desejo de agradar e aprender. Por outro lado também estão presentes alguns obstáculos ao desenvolvimento e aprendizagem como a fatigabilidade, apatia, curto tempo de atenção e, em certas ocasiões, a teimosia (Gabinete de Psicologia, 2006).

Seguidamente serão apresentadas algumas estratégias de intervenção para as várias áreas de desenvolvimento. Estas estarão diferenciadas para facilitar a compreensão, embora na prática estejam todas inter – relacionadas (Gabinete de Psicologia, 2006).


No que respeita à percepção: O objectivo da intervenção nesta área deve ser levar a criança a seleccionar, reconhecer e utilizar com precisão os estímulos pertinentes num dado momento. Qualquer aprendizagem perceptiva deve realizar-se através do maior número possível de vias sensitivas. As actividades devem ser motivadoras, sistemáticas e sequencializadas. A criança deve ir verbalizando acerca do que está a fazer, enquanto faz a actividade (Gabinete de Psicologia, 2006).

Seguidamente na atenção: As estratégias adoptadas devem ser complementadas com aquelas que foram estabelecidas para as áreas da Percepção visual e auditiva, Psicomotricidade e Linguagem, dada a estreita relação com estas áreas de desenvolvimento. O ambiente de trabalho deve ter ausência de estímulos que propiciem a dispersão. As instruções verbais devem ser claras e concisas e acompanhadas por um modelo de acção (indicando a tarefa, guiando com a mão...). O nível de exigência deve estar adaptado às suas possibilidades, quer em relação à dificuldade da tarefa quer em relação ao tempo necessário para executá-la. Inicia-se com tarefas curtas e vai-se alterando, de forma gradual, o tempo para as realizar. Para evitar o cansaço deve-se intercalar tarefas com diferentes níveis de exigência e interesse. Deve-se recompensar os esforços e êxitos da criança (Gabinete de Psicologia, 2006).

Na memória: É necessário adquirir um nível suficiente de memória imediata antes de reforçar a memória sequencial. A informação nova deve estar relacionada com dados e informações anteriores que a criança possua para permitir uma maior duração da recordação e uma melhor assimilação (Gabinete de Psicologia, 2006).

Relativamente aos aspectos psicomotores: O objectivo da intervenção é melhorar as capacidades instrumentais: controlo motor, equilíbrio, coordenação de movimentos, relações espacio – temporais e motricidade fina (Gabinete de Psicologia, 2006).
Na educação da mão dada a configuração desta nestas crianças (pequena, dedos curtos, uma única prega palmar, etc.) e as implicações que isto tem para a manipulação, é necessário ajudá-la, por exemplo, a pegar correctamente num objecto, vigiando que a preensão seja correcta (Gabinete de Psicologia, 2006).


Na Leitura/escrita devemos iniciar apenas quando a criança tiver atingido uma maturação suficiente em áreas facilitadoras de aprendizagem da leitura e da escrita: aquisição do esquema corporal; desenvolvimento da memória e atenção; organização espácio-temporal; coordenação óculo - motora; aquisição de linguagem básica; educação sensorial; desenvolvimento psicomotor; domínio da motricidade fina. No ensino aprendizagem da leitura dar-se-á grande ênfase à compreensão, utilizando textos adaptados às possibilidades de interpretação e aos interesses da criança e trabalhando a aquisição de vocabulário básico; Na escrita, a assimilação e automatização de padrões gráficos é realizada através de várias tarefas como letras desenhadas no chão, picar letras no papel seguindo a direcção correcta, entre outras (Gabinete de Psicologia, 2006).

No que concerne à lógico – matemática: é importante ter presente que, o conhecimento do esquema corporal está ligado às primeiras noções numéricas; à noção de quantidade está ligada à percepção espacial; os primeiros conjuntos têm para a criança uma componente espacial e não numérica. O ensino deve ser dirigido sob um ponto de vista prático, pois permitira um melhor desenvolvimento social (resolver situações através da utilização prática do cálculo operativo, utilizar dinheiro, etc.) (Gabinete de Psicologia, 2006).

Na linguagem a intervenção deve iniciar desde muito cedo e implicar a família. A educação da fonação e articulação pertencem fundamentalmente ao terapeuta da fala e pessoal especializado e será feita por meio de técnica de reeducação da linguagem que integram não apenas exercícios de motricidade oro - facial (língua, lábios, sopro...), respiratórios e articulatórios mas também os aspectos perceptivos, espacio - temporais, sensoriomotores, rítmicos, etc. A educação da linguagem deve integrar-se no conjunto do programa escolar, pelo que a colaboração entre o terapeuta da fala e os professores será fundamental (Gabinete de Psicologia, 2006).

Nos conteúdos vivenciais devemos fornecer conhecimentos referentes ao meio em que vive, assim com alguma cultura geral básica. Para cada criança a exigência e amplitude destes conhecimentos dependerá da sua capacidade e possibilidades, atendendo a que deve ser dada prioridade aos que lhe forem mais úteis para o seu desenvolvimento pessoal e social no seu meio (Gabinete de Psicologia, 2006).

Por fim, nos aspectos socioafectivos devemos contribuir para a aquisição de capacidades essenciais para a sua autonomia - higiene, alimentação, vestuário. Desenvolvimento da autonomia no seu meio ambiente - deslocações na escola, fazer recados, comportar-se adequadamente em diferentes situações, utilização de transportes públicos entre outros. 

Deve-se fomentar o sentido de responsabilidade, colaboração e respeito pelos outros assim como, favorecer a formação de uma auto-imagem e um auto-conceito positivos (Gabinete de Psicologia, 2006).



No próximo post... falaremos sobre o Atraso Global do Desenvolvimento... Não percam... 


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