A disortografia é mais uma perturbação que encaixa no grande tema das dificuldades de aprendizagem...
Sendo assim, o que é então a disortografia? A disortografia é "o conjunto de erros de escrita que afectam a palavra mas não o seu traçado ou grafia".
E olhando para esta problemática, podemos pensar quais são os requisitos que uma criança deverá possuir para uma aprendizagem correcta da leitura e da ortografia... E são vários... e várias áreas que estão implicadas...
Áreas
implicadas
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Capacidades
específicas
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Área motora
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Lateralidade adequada
Motricidade dinâmica manual
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Área perceptiva
Percepção auditiva
Percepção visual
Percepção
espácio - temporal
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Discriminação auditiva
Integração auditiva
Memória auditiva
Discriminação figura-fundo
Constância da forma
Memória visual
Estruturação e orientação no espaço
Estruturação temporal e rítmica
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Área do pensamento lógico
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Operações lógico – concretas
Operações de inclusão
Operações de seriação
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Área linguística
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Morfossintaxe
Semântica
Vocabulário do sujeito
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Área afectiva – emocional
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Adaptação escolar
Controlo emocional
Desejo de aprender
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Causas da Disortografia
Tendo em conta os requisitos necessários para levar a cabo um processo ortográfico correcto podem citar-se as seguintes causas:
Causas de tipo perceptivo: Deficiências na percepção e na memória visual e auditiva
Deficiências a nível espácio - temporal
Causas do tipo intelectual: Défice ou imaturidade intelectual
Causas de tipo linguístico: Problemas de linguagem
Deficiente conhecimento e utilização do vocabulário
Causas de tipo afectivo - emocional: Baixo nível de motivação
Causas de tipo pedagógico
Características disortográficas
A disortografia implica uma série de erros sistemáticos e reiterados na escrita e na ortografia, que podem provocar a total ininteligibilidade dos textos. Logo, podemos encontrar vários tipos de erros, vejam o esquema seguinte:
Erros de carácter linguístico - perceptivo: Substituição de fonemas vocálicos ou consonânticos afins pelo ponto ou modo de articulação;
Omissões
Adições
Inversões de sons por incapacidade de seguir a sequência dos fonemas
Erros de carácter visuoespacial: Substituição de letras que se diferenciam pela sua posição no espaço
Substituição de letras semelhantes nas suas características visuais
Escrita de palavras ou frases em espelho
Confusão em palavras com fonemas que admitem dupla grafia
Confusão em palavras com fonemas que admitem duas grafias , em função das vogais
Omissão da letra "h" por não ter correspondência fonética
Erros de carácter visuoanalítico: Dificuldade em fazer síntese e a associação entre fonema e grafema
Erros relativos ao conteúdo: Dificuldades em separar sequências gráficas pertencentes a dada sequência fónica, respeitando os espaços em branco
Erros referentes às regras de ortografia: Não colocar "m" antes de "p" e "b"
Infringir regras de pontuação
Não respeitar as maiúsculas depois do ponto ou no início do texto
Não hifenizar nas mudanças de linha.
Segundo Luria (1980) existem sete tipos de disortografia distintos, que não iremos abordar neste post.
Em relação à avaliação da disortografia, esta é realizada através de várias provas com critérios muito pormenorizados que só profissionais da saúde as podem utilizar e revelar os resultados.
Intervenção na disortografia
Existem várias técnicas e actividades recomendadas na intervenção de crianças com disortografia:
- Inventários cacográficos
- Ficheiro cacográfico
- Actividades de percepção, discriminação e memória auditiva
- Actividades de percepção, discriminação e memória visual
- Actividades de organização e estruturação espacial
- Actividades de percepção linguístico - auditiva
- Actividades de léxico e vocabulário
- Actividades de intervenção específica sobre os erros ortográficos
Mais uma vez, salienta-se a importância do acompanhamento em equipas multidisciplinares, nomeadamente Psicomotricistas!
Fonte: Dislexia, Disortografia e disgrafia. Rosa M.ª Rivas Torres e Pilar Férnandez. Editora MacGraw- Hill. 2001
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