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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Atraso global do desenvolvimento


Para Sherpherd (1996) (cit in Donato, Scalha, Souza, Bofi, Mastroianni et Carvalho, s/d), a criança com Atraso Global do Desenvolvimento (ADL), por norma vivencia pouco as situações próprias do mundo infantil, isto porque ela não recebe os estímulos e as oportunidades necessárias para um bom desenvolvimento.

O ADL, segundo Ferreira (2004) é definido como sendo um atraso significante em vários domínios do desenvolvimento, como por exemplo na motricidade fina, na motricidade global, na linguagem, na cognição, nas competências sociais e pessoais e nas actividades da vida diária. Qualquer destes domínios pode estar mais ou menos comprometido e assim o ADPM é uma entidade heterogénea, não apenas na sua etiologia mas também no seu perfil fenotípico.

O mesmo autor revela que a prevalência em grande medida é desconhecida mas estima-se que seja de 1 a 3% nas crianças abaixo dos cinco anos.

Para este diagnóstico, é importante ressalvar o papel dos pais, educadores, e outras pessoas que acompanham o desenvolvimento da criança, embora seja uma decisão difícil já que, a muito grande variação nas aquisições entre crianças normais pode tornar difícil a detecção de alterações subtis mas com significado. Por outro lado, o natural receio dos pais em relatar as suas preocupações quanto ao desenvolvimento dos filhos e uma inibição do clínico em confrontá-los com a realidade da existência de um atraso podem conduzir ao erro de considerar todas as alterações como uma variação do normal e confiar exageradamente que elas «desapareçam com a idade (Ferreira, 2004).

Estabelecida a existência de um atraso global do desenvolvimento da criança, é necessária uma avaliação e caracterização detalhadas. Nesta avaliação clínica deve ter-se em conta dois níveis, igualmente determinantes para o acompanhamento clínico e terapêutica subsequentes. Um é o diagnóstico etiológico, que pode implicar ou não o recurso a vários tipos de avaliações e exames complementares; o outro é o diagnóstico descritivo, ou seja, a caracterização dos vários aspectos do quadro clínico pois dá várias informações sobre a variedade dos parâmetros a serem avaliados. De facto, para uma determinada criança, pode ser tanto ou mais importante o diagnóstico detalhado dos seus défices e limitações das suas competências e potencialidades, como o da etiologia que lhes deu origem (Ferreira, 2004).~

Em seguida é apresentado um quadro com os principais sinais de alarme (Ferreira, 2004):


Motricidade Grosseira
4 meses e meio
Não puxa para se sentar, com a cabeça alinhada ao corpo
5 meses
Não rebola
9 meses
Não fica sentado sem apoio
10 meses
Não fica de pé com apoio
15 meses
Não anda sem apoio
2 anos
Não sobe ou desce escadas
2 anos e meio
Não salta
3 anos
Não pedala no triciclo
4 anos e meio
Não salta ao pé – coxinho
5 anos
Não é capaz de andar pé ante pé numa linha recta
Motricidade Fina
3 anos e meio
Persistência do reflexo de preensão
4 – 5 meses
Não segura a roca; não junta as mãos na linha média
8 meses
Não transfere os objectos de uma mão para a outra
10 a 11 meses
Ausência de pinça dedos – polegar
15 meses
Não põe ou tira de uma caixa
20 meses
Não tira meias ou luvas sem ajuda
2 anos
Não faz torre de 5cubos ou não rabisca
2 anos e meio
Não volta a página de um livro
3 anos
Não faz torre de 8 cubos ou não esboça uma linha recta
4 anos
Não faz torre de 10 cubos ou não copia um circulo
4 anos e meio
Não copia uma cruz
5 anos
Não constrói uma escada com cubos ou não imita um quadrado
Linguagem
5 – 6 meses
Não palra

8 – 9 meses
Não diz “da” ou “ba”
10 – 11 meses
Não diz “dada” ou “baba”
16 meses
Não produz palavras únicas
2 anos
Não faz frases de 2 palavras
2 anos e meio
Não usa pelo menos um pronome pessoal
3 anos e meio
Não fala de modo inteligível
4 anos
Não compreende preposições
5 anos
Não utiliza a sintaxe correcta em frases curtas
Cognição
2 – 3 meses
Não faz sentir necessidades
6 – 7 meses
Não procura o objecto caído
8 – 9 meses
Não se interessa por fazer cu – cu
12 meses
Não procura o objecto escondido
12 – 15 meses
Não aponta
15 – 18 meses
Não se interessa por jogos de causa e efeito
2 anos
Não categoriza semelhanças
3 a 5 anos
Não sabe nome próprio e apelido
4 anos
Não sabe escolher entre a maior e menor de 2 linhas
4 anos e meio
Não sabe contar
5 anos
Não sabe as cores nem qualquer letra
5 anos e meio
Não sabe o seu próprio aniversário ou a morada
Psicossocial
3 meses
Não tem sorriso social
6 – 8 meses
Não ri numa situação apropriada
10 meses
Não estranha
1 ano
Não se consola, não aceita mimos
2 anos
Agride sem provocação; sem contacto ocular nem interacção com crianças e adultos
3 – 5 anos
Não brinca com as outras crianças; desafia a obediência.


Causas

Grande parte das crianças com ADL não estão associadas a uma entidade causal especifica, curável ou mesmo tratável. Na ausência de uma explicação etiológica definitiva, o reconhecimento precoce do atraso de desenvolvimento ajuda as crianças e as famílias a descobrirem o equilíbrio justo de expectativas e de estimulação apropriada (Ferreira, 2004).


Segundo o mesmo autor, este diagnóstico pode estar relacionado a outras patologias, sejam genéticas, síndromes, toxicológicas, entre outras.

Diversos factores podem ser responsáveis pelos problemas do desenvolvimento das crianças. Na maioria das vezes não se pode estabelecer uma única causa, existindo por isso uma associação de diversas etiologias possivelmente associadas com o problema (Figueiras, Souza, Rios & Benguigui (2005).
Para Figueiras et al (2005), o desenvolvimento da criança é decorrente de uma interacção entre as características biológicas e as experiências oferecidas pelo meio ambiente, por tal, factores adversos nestas duas áreas podem alterar o seu ritmo normal. A probabilidade de que isto ocorra, é chamada de risco para o desenvolvimento.

A primeira condição para que uma criança se desenvolva bem é o afecto de sua mãe ou da pessoa que está incumbida de cuidar dela. A privação de afecto e de amor nos primeiros anos de vida deixará marcas definitivas no desenvolvimento da criança, constituindo-se em um dos riscos mais relevantes para o bom desenvolvimento da criança (Figueiras et al, 2005).

O crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as competências motoras e a saúde fazem parte do desenvolvimento físico e podem influenciar outros aspectos do desenvolvimento (Papalia et al, 2001).


1 comentário:

  1. acabei de receber a noticia q minha filha de 5 tem esse defic de atraso global.
    a medica indicou sessoes com fono e terapeuta ocupacional.
    seu artigo me ajudou muito nesse momento dificil

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